
A vespa asiática é o tema da rubrica “Pergunte a um cientista do CESAM”, iniciativa deste laboratório associado da Universidade de Aveiro (UA). À pergunta desta semana: “O que se sabe sobre a vespa asiática e que pode ajudar no seu controlo?” responde João Carvalho, especialista em dinâmica e conservação de populações e ecossistemas terrestres e investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM). Envie a sua pergunta para cesam-divulga@ua.pt.
A vespa-asiática (Vespa velutina, 25-30 mm de comprimento) apresenta o tórax e os segmentos abdominais negros e patas amarelas o que permite distinguir esta espécie das vespas nativas europeias, em particular da Vespa crabro.
Originária do Sudeste Asiático, a vespa-asiática foi pela primeira vez detetada na Europa em 2004, no Sudoeste de França, e em setembro de 2011 foi reportado o primeiro avistamento em Portugal, em Viana do Castelo. Atualmente, a espécie já foi registada em nove países europeus: França, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Grã-Bretanha, Bélgica, Holanda e Suíça. Em Portugal, por exemplo, a espécie ocupa cerca de 60% do território continental.
A vespa-asiática é uma espécie exótica invasora, ou seja, é uma espécie que não é nativa do nosso território, e cuja introdução acidental tem resultado num impacto negativo, sobretudo na apicultura, pois a vespa-asiática é um predador voraz da abelha-europeia. Este impacto carece, contudo, de uma quantificação objetiva.
Os estudos sobre a dinâmica de invasão da espécie na Europa, sobre a sua ecologia e sobre possíveis métodos de controlo acumulam-se. No entanto, a vespa-asiática continua a expandir-se e o número de ninhos continua a aumentar ano após ano.
Em Portugal já foram reportados e destruídos mais de 50.000 ninhos, e apesar dos esforços para o seu controlo, a espécie já ocorre em mais de metade do território continental. Possivelmente teremos que aprender a conviver com a vespa-asiática.
O desenvolvimento de métodos eficientes de deteção de ninhos (e.g. triangulação de observações) que permitam mitigar o impacto da espécie nas abelhas-europeias, na polinização e na produção de mel é essencial. Devemos tentar perceber como é que as abelhas-europeias se estão a adaptar a esta ameaça e ter em consideração que as armadilhas artesanais podem ser contraproducentes pois, se não forem específicas para a vespa-asiática, terão um impacto cumulativo e negativo noutras espécies de insetos polinizadores. Não obstante os impactos negativos, não negligenciemos outros aspetos, como o facto de a vespa-asiática constituir um novo recurso alimentar que poderá beneficiar alguns predadores como o bútio-vespeiro.
Exemplo de ninho primário conservado em álcool a 70%. Este ninho é pequeno e começa a ser construído pela rainha após o período de hibernação e pode ser encontrado a partir do início da primavera. Neste ninho, a rainha deposita os ovos que darão posteriormente origem às obreiras. Entre a primavera e o outono são produzidas milhares de obreiras, o que provoca um aumento da predação sobre as abelhas. As obreiras trabalham na construção do ninho secundário que atinge o seu tamanho máximo no outono. São os ninhos secundários que são usualmente detetados e posteriormente destruídos pelas entidades competentes.
Pergunte a um cientista do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro qual o efeito de determinada ação, porque está algo a acontecer, ou o que pode fazer para contribuir para um determinado fim. A única limitação é o tema relacionado com a ecologia, biodiversidade, previsões atmosféricas e hidrodinâmicas, impacto do Homem (nos meios aéreo, aquático e terrestre), fogos florestais, sustentabilidade, ordenamento do território, alterações climáticas ou áreas afins. Envie a sua pergunta para cesam-divulga@ua.pt.
As respostas publicadas quinzenalmente são da inteira responsabilidade do cientista e não representa qualquer posição oficial do CESAM. Mais, sobre o CESAM: www.cesam.ua.pt.
Fonte: https://www.ua.pt
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